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UFPB apura intoxicação alimentar

publicado: 18/02/2025 09h18, última modificação: 18/02/2025 09h18
Instituição realiza investigação interna depois de estudantes relatarem sintomas e apontarem local como foco
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Mais de 100 estudantes da universidade apresentaram sintomas como mal-estar e dores de cabeça depois de comerem no local | Foto: Roberto Guedes

por Sara Gomes*

A Gerência de Vigilância Sanitária de João Pessoa (GVS) realizou, ontem, uma inspeção no Restaurante Universitário (RU) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Mais de 100 estudantes da instituição apresentaram sintomas de uma possível intoxicação alimentar, depois de fazerem refeições no local. Depois de vistoriar todos os ambientes do restaurante, a GVS garantiu que o local está seguro. As amostras coletadas ainda passarão por análise.

A partir de relatos e denúncias das vítimas, a Superintendência de Restaurantes Universitários (SRU) da UFPB notificou a empresa fornecedora e acionou a GVS para averiguar os procedimentos de manipulação, armazenamento e distribuição dos alimentos servidos. Na ocasião, o órgão municipal recolheu amostras de alimentos que foram servidos na semana passada, para análise laboratorial.

A estudante Mayra Lucena, que faz o quarto período de Medicina na UFPB, conta que se alimenta no RU há mais de um ano e que nunca passou por nenhum problema, até então. Ela considerava o restaurante bastante organizado, por ter sempre nutricionistas e profissionais com equipamentos de proteção, como máscaras e toucas. Na última sexta-feira (14), no entanto, ela teve vários episódios de vômito. O namorado de Mayra também passou muito mal, a ponto de precisar de atendimento em um serviço de urgência hospitalar. “Ele chegou a ter hipotensão e taquicardia”, relata. Segundo ela, ambos foram medicados e melhoraram depois de dois dias.

Eu tomo café da manhã, almoço e janto no RU. Dependo disso para seguir estudando. É preciso mais rigor  --  Glauciane  Andrade

Natural de Pilar, na Zona da Mata paraibana, a estudante Glauciane Andrade, do curso de Farmácia, mora na Residência Universitária.  “Eu tomo café da manhã, almoço e janto no RU. Dependo desses auxílios para continuar os meus estudos”, ressalta. Ela também é mais uma possível vítima da intoxicação alimentar, por ter apresentado sintomas como vômito, diarreia, dor na barriga e febre. Como muitos, Glauciane solicita melhorias na qualidade dos alimentos. “A fiscalização deve ser mais rigorosa”, avalia.

Ana Lethicia de Souza, estudante de Terapia Ocupacional, passou pelo mesmo problema — inclusive, passou a madrugada da sexta-feira passada na UPA. “Se o restaurante ficar interditado, vai prejudicar os estudantes. Por outro lado, não dá para adoecer de novo”, opina.

Sobre esse ponto, ela pode se tranquilizar, pois o RU se manterá em funcionamento. A Reitoria da UFPB soltou um comunicado garantindo que o espaço seguirá com as portas abertas e que os desdobramentos da apuração serão informados à comunidade acadêmica. O valor da refeição universitária (R$ 15) é um dos mais altos entre os restaurantes universitários do país.

DCE

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFPB reafirma o seu compromisso com a luta por melhorias na assistência estudantil, especialmente no que diz respeito à segurança alimentar. De acordo com Richard Marques, coordenador-geral do DCE de João Pessoa e estudante de Biotecnologia, esse surto alimentar evidencia a urgência de ações concretas para garantir a qualidade e a segurança dos alimentos oferecidos aos estudantes.

Com base nesse direito básico, o DCE cobrou transparência na apuração dos fatos e medidas efetivas para evitar que situações semelhantes se repitam. “Além disso, reforçamos a necessidade de políticas de assistência estudantil mais amplas, que contemplem alimentação, moradia, transporte e saúde, garantindo condições dignas para a permanência do aluno e o seu sucesso acadêmico”, declara. O DCE se colocou à disposição para colaborar com a universidade.

Providências

A superintendente da SRU, Noádia Rodrigues, solicitou a preservação das amostras das refeições servidas para realização de análises laboratoriais. Além disso, disponibilizou um formulário on-line para coletar os relatos de intoxicação e solicitou a todos os estudantes que apresentaram sintomas o preenchimento dessa ficha individual, com o atestado médico anexado, para identificar a origem do problema e garantir soluções efetivas.

A investigação interna está concentrada nos alimentos servidos até a última sexta-feira (14), considerando que o RU não funciona aos sábados e domingos.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 18 de fevereiro de 2025.