Os professores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) decidiram encerrar a greve e retomar as aulas a partir de segunda-feira, dia 1o de julho. A decisão, que já havia saído vitoriosa das assembleias dos Campi de Areia e Bananeiras, na quarta passada, foi ratificada pelos docentes de João Pessoa e Litoral Norte, na manhã de ontem. Foram, ao todo, 149 votos a favor da saída unificada da greve e da consequente retomada das aulas. Não houve voto contrário, mas foram registradas duas abstenções.
A assinatura dos termos do acordo da categoria com o Governo Federal aconteceu na tarde de ontem, em Brasília (DF), por meio do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), que representa as instituições filiadas — entre elas, a Associação dos Docentes da Universidade Federal da Paraíba (Adufpb). Ainda na capital federal, o Andes realizou um protesto, no qual evidenciou que o acordo firmado é ainda insatisfatório, diante das demandas da categoria.
Na UFPB, para marcar a retomada das aulas e a mobilização dos professores, haverá, na segunda-feira, a partir das 7h, uma panfletagem no campus de João Pessoa. A atividade será seguida por um café da manhã, na sede da Adufpb, com participação dos professores. Os conselhos da instituição ainda devem definir os ajustes no calendário acadêmico, para que a comunidade acadêmica se organize e haja a reposição das aulas perdidas durante o período de greve.
Segundo o presidente da Adufpb, Cristiano Bonneau, a decisão, em assembleia, sobre a data de encerramento da greve, demonstra a autonomia do sindicato. “Da mesma forma como a categoria decidiu pelo estado de greve, inclusive a sua data de entrada — que, no caso da UFPB, foi no dia 13 de junho —, ela decide, agora, a saída da paralisação e a retomada de todas as atividades no dia 1o de julho”, destacou.
Bonneau reforça ainda que os professores seguem em mobilização, mesmo depois do fim do movimento grevista e do retorno às aulas. “Continuamos mobilizados, com ações e atos, para exercer pressão sobre o governo e garantir que não somente o acordo seja realmente cumprido, mas que a gente possa avançar nas pautas da educação, sobretudo na questão orçamentária”, destacou.
O tesoureiro da Adufpb, Edson Franco, corroborou a fala de Bonneau e enfatizou que a luta dos professores não acabou. “A gente precisa acompanhar várias pautas que ainda estão sendo colocadas, como o arcabouço fiscal e a nova reforma da previdência, entre outras. São lutas que teremos pela frente e que precisarão da categoria. É preciso estarmos juntos, para lutar contra tudo isso”, disse.
Proposta do Governo
Segundo a proposta apresentada pelo Governo Federal, os professores devem receber reajuste salarial de 9%, em 2025, e de 3,5%, em 2026.
Outra conquista do movimento grevista, como apontou Bonneau, é a destinação de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no valor de R$ 5,5 bilhões, para centros e hospitais universitários, além da manutenção do diálogo em prol da revogação de medidas tomadas nas gestões passadas e que prejudicam o trabalho dos professores — pleito da categoria que ficou conhecido como “revogaço”.
Também fruto do movimento grevista, segundo ele, é o fato de a UFPB receber recursos para a finalização de algumas construções nos seus campi, que há anos estão paradas.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 28 de junho de 2024.