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Vendas de fogos devem crescer 20%

publicado: 12/06/2024 09h10, última modificação: 12/06/2024 09h10
Ante alta demanda, comerciantes de João Pessoa esperam esgotar estoques do produto até o Dia de São João
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Proprietária do Paraíso dos Fogos, Joana afirma comercializar somente itens do tipo silencioso, além de enfeites juninos | Foto: Leonardo Ariel

por Sara Gomes*

Quem passa próximo ao Estádio Almeidão, na capital, logo percebe a colorida decoração dos estabelecimentos que vendem ornamentações típicas e fogos de artifício para as festas juninas. No local, situado no bairro Cristo Redentor, é possível encontrar estandartes de São João, balões de chita, mandalas e chapéus de palha, entre outros produtos. Quanto aos fogos, a expectativa dos comerciantes é vender todos os estoques até o fim de semana que antecede o Dia de São João, em 24 de junho. Estima-se um aumento de 20% nas vendas, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Sem Ruído
Sancionada em abril, lei municipal proíbe o uso de fogos com barulho na capital, estabelecendo multas de até R$ 4 mil (para usuários) e R$ 10 mil (para distribuidores)

A proprietária da barraca Paraíso dos Fogos, Joana Paula Gomes, é quem confecciona as ornamentações expostas em seu estabelecimento. Neste ano, ela fez um lustre com chita e detalhes de girassóis, chapéus de palha femininos, fogueiras, carrocinhas e balões de diversos tamanhos. A demanda por adereços desse tipo começa ainda na primeira quinzena de maio, geralmente para a decoração de repartições públicas, escolas e condomínios. Desde que começou a elaborar os enfeites, há quatro anos, Joana diz ter ampliado seus lucros em 30%. “Eu comecei a ver vídeos no YouTube ensinando como fazer, acho o trabalho manual terapêutico. Em janeiro, eu inicio a produção”, revela a comerciante.

Os itens mais procurados em seu estabelecimento, porém, são traques (que custam a partir de R$ 10), bomba chilena (R$ 12 a R$ 15), beijo de moça (R$ 5) e chuveirinho (de R$ 5 a R$ 30). Quanto aos fogos de artifício, os valores variam entre R$ 150 e R$ 2 mil; mas todos eles são do tipo silencioso. Seguindo a lei municipal, sancionada em abril, que proíbe o uso de fogos com barulho em João Pessoa, Joana afirma não vender mais esses produtos, em respeito a animais de estimação e pessoas autistas, que sofrem com a intensidade dos ruídos: “Sabemos o quanto as bombas podem ser prejudiciais a quem tem sensibilidade”. A medida estabelece multas que podem chegar a R$ 4 mil para usuários e R$ 10 mil para empresas distribuidoras.

Demanda expressiva

A alta procura por fogos de artifício na capital também se nota em outra barraca da área, o Bazar São João. Williams Barbosa, proprietário do estabelecimento, relata aguardar uma nova remessa para repor o estoque: “Acabou quase tudo. Estamos esperando mercadoria de Minas Gerais, porque nenhuma cidade do Nordeste tem autorização para fabricar fogos”. Assim como Joana, o comerciante também vende opções de ornamentação junina, como balões de chita confeccionados por sua tia, em Gravatá. “Trouxemos quase 800 balões para vender. Só restou poucas unidades”, frisa.

O aposentado João de Souza visitou o “shopping dos fogos” pela segunda vez neste ano, após ter adquirido balões de lanterna na semana passada. De origem sertaneja, ele diz nunca ter deixado de comemorar o São João. “Nasci em São José de Caiana, mas moro em João Pessoa há 50 anos. Meu pai sempre comemorou o São João, então mantenho a tradição para meus filhos e netos”, destaca João.

"As crianças autistas puderam aproveitar a beleza do São João e os animais não ficaram assustados"
- Shâmara Rached

Fogueteiros e entidades de autistas se reúnem em evento na capital

Na última quinta-feira (6), a Associação dos Fogueteiros da Paraíba, em parceria com o Grupo Autismo Tratável, realizou o São João dos Fogueteiros, no estacionamento do Almeidão. O evento contou com a participação da Fundação Centro Integrado de Apoio à Pessoa com Deficiência (Funad), da Associação Integrada Mães de Autistas (A-Ima) e da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), além de tutores de animais de estimação.

A festa, que ofereceu comidas típicas, pula-pula e forró pé-de-serra, foi organizada como um gesto de reconhecimento do setor de fogos à antiga demanda de parte da população por produtos não ruidosos. Assim, na ocasião, os fogueteiros também realizaram um show de fogos sem estampidos, feito especialmente para autistas e animais. O Sindicato das Indústrias de Explosivos de Minas Gerais (SindieMG) doou 300 abafadores de ruído para a ação.

Para a presidente do grupo Autismo Tratável, Shâmara Rached, a iniciativa foi importante para modificar a cultura dos fogos de artifício na Paraíba. “As crianças autistas puderam aproveitar a beleza do São João e os animais não ficaram assustados. Já planejamos uma ação maior ano que vem”, adianta Shâmara.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 12 de junho de 2024.